Foco na disciplina do aluno, diálogo com a família, reforço
escolar e professores adequados ao modelo de ensino e com dedicação
exclusiva foram apostas na implantação do ensino médio integrado à
educação profissional Desde 2008, o Governo do Ceará passou a
articular o currículo do ensino médio à educação profissional.
Uma das escolas a passar por essa mudança foi a Maria Dolores
Alcântara, em 2009, construída como um Liceu Estadual, quatro anos
antes, no município de Horizonte. Nos últimos cinco anos, a escola
avançou em sistemas de avaliação, na aprovação de alunos em
universidades públicas e na relação com os moradores da região. O
resultado, porém, ainda não é regra no ensino médio do Ceará e
põe em xeque a premissa de que todos devem ter o mesmo direito à
educação de qualidade.
“Não dá, hoje, para eu pegar uma escola de ensino
profissionalizante e comparar com uma escola de ensino médio
regular. Não é que eles não tenham capacidade ou que a gente seja
melhor ou pior. É no sentido de que as condições são
diferenciadas, são modelos e propostas diferentes”, afirma a
diretora geral, Ana Paula Nogueira.
A escola onde atua Ana Paula possui ensino em tempo integral,
seleção diferenciada de professores e profissionais com dedicação
exclusiva. Além do ensino médio regular, os alunos têm educação
profissionalizante em áreas específicas e estágio garantido no
último ano do curso.
O resultado é a aprovação de estudantes em cursos concorridos
das universidades cearenses, como Medicina e Direito; número
crescente de alunos premiados no Sistema Permanente de Avaliação do
Estado do Ceará (Spaece) - de 11 agraciados com computador, em 2009,
para 140 em 2013; dentre outros resultados positivos.
O critério de “seleção” dos alunos é o de notas no ensino
fundamental, mas isso não garante qualidade na “bagagem” dos
estudantes. Por iniciativa própria, a escola aplica testes
diagnósticos nas turmas de primeiro ano e, a partir dos resultados,
oferece aulas complementares, principalmente de português e
matemática.
O doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará,
Nicolino Trompieri Filho, aponta como falha do ensino o não
aproveitamento de exames diagnósticos pelo Estado. A partir disso,
erros se acumulam e dificultam os avanços, destaca ele.
O objetivo maior dessas “ilhas” tem de ser estabelecer a
igualdade na Educação. No entanto, destaca Trompiere, alguns
projetos podem sofrer descontinuidade a partir da mudança nas
gestões de governo. “A meta é que ações como as escolas
profissionalizantes se estabeleçam como políticas de Estado e não
políticas de governo”, ressalta Ana Paula.
Projetos experimentais só se tornam valiosos para a sociedade a
partir do momento em que podem ser replicados e ofertados para todos
os públicos. “Precisamos de bons professores, bons diretores; e
precisamos eliminar o componente político-particular na educação,
deixar de lado interesses individuais em nome do coletivo”, frisa
Célio Cunha, professor da Universidade de Brasília e doutor em
Educação.
AS “ILHAS DE EXCELÊNCIA”, ESTÃO SENDO GRADATIVAMENTE
AMPLIADAS E PODEM SE TORNAR REGRA NOS PRÓXIMOS 10 ANOS COM A
APROVAÇÃO DO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
Célio
Cunha, doutor em Educação, professor da UNB
SE HOUVESSE MAIS VERBA, MELHORARIA OU NÃO. NÃO DÁ PARA SABER.
DINHEIRO NÃO É NOSSO DIFERENCIAL. O DIFERENCIAL SÃO OS RECURSOS
HUMANOS QUE NÓS TEMOS.
Ana Paula Nogueira, diretora
geral da escola
Maria Dolores Alcântara
AS PESSOAS ESTÃO TRABALHANDO E É IMPORTANTE QUE O GOVERNO
ENXERGUE ISSO. O CEARÁ TEM UM POTENCIAL MUITO GRANDE E ELE PRECISA
CRESCER UNIFORMEMENTE EM TODOS OS SETORES
Antero Gomes
Neto, médico-cirurgião
TEMOS DE ESTABELECER A EDUCAÇÃO CONTINUADA COMO META PERMANENTE
PARA TODAS AS ÁREAS. É UMA OBRIGAÇÃO ATUALIZAR OS PROFISSIONAIS,
CONTINUAR EDUCANDO.
Neide Monteiro, professora
da UFC, doutora em Educação